sábado, 2 de outubro de 2010

Slow Food, agroecologia e escolhas

O Slow Food tem como objetivo colocar o alimento no centro de todas as preocupações, no sentido mais profundo que isso possa significar.

A agricultura está intimamente relacionado com o alimento, mas o modelo produtivo vigente não é o mais inteligente que a tecnologia e o conhecimento podem nos oferecer. Tal modelo (agroindustrial) visa apenas a produtividade e o enriquecimento momentâneos, desconsiderando a qualidade de vida das gerações atuais e vindouras, devastando recursos naturais, humanos e econômicos como nunca antes visto. Diversos documentos de órgãos internacionais como os da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) demonstram isso claramente.

Desde a Revolução Industrial mudamos enormemente nosso modo de vida, migrando dos campos às cidades. Monoculturas foram instauradas para suprir a população urbana, que se adaptava ao novo estilo de vida, e ainda era muito ligado à terra apesar da distância física.
Já ao fim das Guerras Mundiais, o excedente de armamentos químicos passou a ser destinado ao combate de pragas agrícolas, que só aumentam e ficam mais fortes conforme o passar dos anos.
Muitas desgraças, incluindo muitos dos cânceres que vemos manifestar em parentes e amigos próximos, são resultado deste modelo de produção agrícola.

O alimento tem uma carga histórica muito forte, mas nem por isso temos que assistir passivamente a história acontecer. Desejamos que alternativas menos nocivas para a natureza (incluindo o homem) sejam a realidade.

Um alimento bom, limpo e justo, que - no meio urbano mais do que em outros ambientes - depende das vontades do consumidor. Este que geralmente sequer conhece o poder que tem suas próprias escolhas. O empoderamento das pessoas é o que necessitamos para mudar isso. Podemos fazê-lo deixando de ser meros consumidores e nos tornando co-produtores: mais cientes sobre o que nossas escolhas acarretam.

Uma contribuição disso vem da aplicação de princípios ecológicos em agroecossistemas, a partir de sua integração com aspectos agronômicos, sócio-economicos, políticos e culturais, com o objetivo de promover a sustentabilidade de relações entre a natureza e as formas de humanidade¹. "Formas de humanidade" porque também defendemos a biodiversidade, incluindo a do homem. A isto chamamos de agroecologia.

É interessante notar que estes elementos podem ser encontrados em diversas formas de agricultura praticadas por sociedades consideradas como tradicionais, camponesas e indígenas¹.

A escolha é apenas nossa.

¹ Diálogos entre Agroecologia e Antropologia. Laura de Biase e Roberto Donato da Silva Júnior.

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