quinta-feira, 5 de maio de 2011

Festival do Cambuci

"Cambuci? Você nunca comeu? É uma delícia!! Parece uma jabuticaba... só que maior e sem a semente..."



Essa foi a definição que eu ouvi uma vez da Fab, e depois, eu adotei. Uso sempre, mas faço ressalvas: parece jabuticaba por dentro; por fora, é bem diferente... é maior, verde e aveludada, com formato de disco voador. Tem várias e pequenas sementes misturadas na polpa, mas elas são discretas e podem acabar passando despercebidas. Apesar do sabor estar entre jabuticaba e pitanga, é bem mais ácida. Pra mim é deliciosa, de fato. Mas confesso que boa parte das pessoas não tem o apreço que tenho pelo azedo, e acabam a degustação numa cara torta e repuxada.

Cresci ouvindo minha mãe e minhas tias lembrarem saudosamente das tardes que passavam pegando cambuci pro meu avô colocar na pinga. Minha família é de São Bernardo, e por lá, tinha de monte! Típica da Mata Atlântica, é daquele climinha de serra que o cambucizeiro gosta, e antigamente, era muito encontrado em quintais. Hoje, quase não tem...

 Seu nome científico é Campomanesia phae, e pertence à família botânica das Mirtáceas, sabe? Aquelas árvores que tem o tronco todo manchado, liso e resistente, como as goiabeiras, araçazeiros, pitangueiras e  jabuticabeiras. Ocorrem nos estados de SP, RJ e MG; não são muito abundantes, mas são muito diversificados, tendo grande quantidade de variedades ainda não catalogadas, com coloração que vai até o amarelo-esverdeado, com tamanhos variados e diferentes proporções de azedo, doce e amargo - pois é, alguns deles amarram bastante a boca!

 Por isso, quase não se come a fruta colhida do pé,  mas sim, na forma de sucos, geleias, compotas, sorvetes, cremes, bolos, musses... ou ainda, usados para se fazer molhos, acompanhando carnes, massas e salgados, sem contar da grande variedade de bebidas alcoólicas: licores, cachaças, frisantes e outos tipos de fermentados.

No final de semana passado, em visita ao VIII Festival do Cambuci de Paranapiacaba, fiquei boba de ver a enorme variedade de delícias prontinhas para serem devoradas. A gente até se perde, come e bebe muito mais do que deveria. No antigo mercado, expositores de todos os municípios participantes da Rota do Cambuci levaram seus produtos, e recebia a gente com muita simpatia. O sorvete e o licor do pessoal de Mogi foi sensacional! A geleia e o Ice (bebida alcoólica fermentada) da CooperCambucy são maravilhosos e as trufas e os bolos de chocolate com recheio de cambuci espalhados por diferentes banquinhas, no festival... todos deliciosos.

o charme de Paranapiacaba

 Mesmo não sendo uma árvore grande (costuma ter entre 5 e 9 metros), a produção de frutos é grande, e ocorre entre janeiro e maio. Nos meses seguintes, ainda encontramos as frutas congeladas diretamente de produtores, como no Sítio do Bello, na feirinha da AAO ou na CooperCambucy (cambucydaserra@bol.com.br), importantes parceiros do Slow. Já os os produtos processados são encontrados o ano todo.

A Rota Gastronômica do Cambuci continua até agosto:
6o Festival de Rio Grande da Serra - 13, 14 e 15 de maio
4o Festival de Salesópolis - 27, 28 e 29 de maio
3o Festival de Paraibuna - 23, 24 e 15 de junho
1o Festival de Mogi das Cruzes - 20 e 21 de agosto
O fechamento acontece no mês de outubro, com um encontro no Mercado Municipal de São Paulo.


Para receitas e maiores rmações, consulte:

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