quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Alice Waters e a coragem de mudar o mundo


“Se quisermos mudar, a melhor coisa que podemos fazer é educar e empoderar a próxima geração. Se nossas crianças forem expostas a essas idéias, teremos uma segunda natureza.”


6 de novembro de 2010. Uma data histórica para aqueles que acreditam que um novo mundo é possível, em especial para os os militantes e simpatizantes do movimento Slow Food. Alice Waters e Carlo Petrini, vice-presidente e presidente do Slow Food Internacional, respectivamente, falaram na abertura do evento Mesa Tendências, em São Paulo e encantaram a platéia ao defenderem suas idéias de que é preciso abraçar a causa de uma alimentação boa, limpa e justa para gtransformar o mundo.

Esta é a primeira vez que Alice Waters, vice-presidente mundial do movimento vem ao Brasil e falou para uma platéia lotada sobre sua jornada para abrir corações e mentes nos Estados Unidos e no mundo para que uma revolução aconteça na forma de ver o alimento e o ato de se alimentar e sua conexão com as escolhas para uma vida mais saudável e um planeta mais limpo para as próximas gerações. Defendeu o investimento na educação das crianças desde cedo para que o mundo tenha uma segunda natureza.

Ela disse sempre ter tido muita curiosidade em relação ao Brasil e que além de estudar a cultura brasileira, conhece muitos cineastas e chefs daqui e que foi estusiasticamente convidada pelo fotoógrafo Sebastião Salgado para que viesse ao país expor suas idéias. Ela disse apoiar a idéia de trazer o território para a mesa, defendida por Alex Atalla e que essa é uma conexão que já havia percebido ao visitar o Uruguai e a Argentina.

Alice enfatizou que a questão do fast food não está restrita aos Estados unidos, mas se espalha pelo mundo disseminando a idéia dominante de como as pessoas devem se alimentar. Segundo ela, máquinas de Coca-cola são encontradas nos aeroportos e outros locais públicos mundo afora. O fast food, segundo Waters, passa a ideia da coesão de tudo, de que todos devem ser iguais. E essa cultura se infiltra maciçamente no mundo. E essa, segundo ela, é uma batalha que será perdida se não houver uma mudança de atitude, de paradigma em relação ao alimento, ao modo de se alimentar e de tratar a questão da produção dos alimentos. É uma mudança em relação à vida.

Para Waters, atualmente é dado como natural que tenhamos aquilo que queremos à hora que queremos, as regras são ditadas pelo consumo e pelo mercado. Tudo está reduzido a "tempo é dinheiro". Da mesma forma, é possível encontrar o mesmo alimento nos mercados durante o ano todo, quando se sabe que na natureza existe a sazonalidade. Devemos ter tudo no momento que queremos? E o tempo de plantar, esperar crescer e colher? pergunta Waters. Ela defendeu o pagamento justo pelos produtos. "O alimento pode ter um preço adequado, mas não barato. Se compraram barato, alguém, em algum lugar foi prejudicado."

“A cultura do fast food está operando estragos nas culturas locais e precisa ser combatida. E existe uma alternativa, que é o Slow Food, que é cultura muito mais profunda, cheia de plenitude. A cultura de slow food tem valores humanos que estão consosco desde o começo dos tempos como a a correçao, a integridade, a comunidade, a amizade, a honestidade. E tem também os outros valores, que é o respeito ao crescimento crescimento tradicional, atividades engajadas, atividades que alimentam, oferecem nutrição, aumentam a alegria. São os valores do slow que fazem que nossa vida sejam mais sifignificativas”, concluiu.

Alice Waters disse ainda que cada um dos que ali estavam tem capacidade de se conecctar aos valores do Slow Food, sem intermediários: se a cultura que você cria ao seu redor muda, sua exsitência melhora, sem esforço nenhum.”.

Se você quiser que uma árvore cresça, é preciso influenciá-la antes que cresça”

O grande desafio, segundo Alice Waters, é investir na educação das crianças e expor essas crianças às idéias do Slow Food para que tenhamos no futuro uma segunda natureza. “Se quisermos mudar, a melhor coisa que podemos fazer é educar e empoderar a próxima geração”. A escola, segundo ela, é o local onde se pode encontrar crianças com diferentes valores, que ainda estão sendo formados e se essas crianças forem expostas a um currículo de Slow Food, elas o levarão para o resto de suas vidas. “Se você quiser que uma árvore cresça, é preciso influenciá-la antes que cresça”.

As escolas são o motor da economia e se na merenda e nas cantinas escolares estiverem servindo alimentação saudável, se estará colaborando com os agricultores. Waters citou a iniciativa do governo brasileiro de impor que 1/3 da merenda escolar deve vir de produção local e disse que a adoção desse tipo de ação é muito importante.

O principal desafio que permeia a vida, segundo Waters, é responder à pergunta: como viver nossas vidas, sem adotar os valores do fast food,porque nessa questão não há meio termo e o processo deve ser sustentável do principio ao fim. Ela concluiu dizendo que a saída é sair desse ambiente, dessa cultura fast food e recuperar os sentidos. o projeto de hortas nas escolas, por exemplo, é uma revolução deliciosa.

“É preciso ter espirito revolucionário para que tudo isso aconteça”, concluiu.



Mais de Alice Waters:

Enquanto nos EUA as pessoas se alimentavam com comida aquecida no microondas para ser comida na frente da televisão, na França as pessoas davam atenção aos prazeres da vida diaria, era cultura de slow food”.

Criamos patchwork de fornecedores locais – pequenos produtores, vinicultores, - uma comunidade que começou a se formar. E começamos uma comunidade sem intermediários”.

Não dá para ter restaurante 3 estrelas, sem pagar salários justos aos seus funcionários”.

É preciso ter espirito revolucionário para que tudo isso aconteça”.

Se você quiser que uma árvore cresça, é preciso influenciá-la antes que cresça”



Por: Reiko Miura


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