“Se quisermos mudar,
a melhor coisa que podemos fazer é educar e empoderar a próxima
geração. Se nossas crianças forem expostas a essas idéias,
teremos uma segunda natureza.”
6 de novembro de 2010.
Uma data histórica para aqueles que acreditam que um novo mundo é
possível, em especial para os os militantes e simpatizantes do
movimento Slow Food. Alice Waters e Carlo Petrini, vice-presidente e
presidente do Slow Food Internacional, respectivamente, falaram na
abertura do evento Mesa Tendências, em São Paulo e encantaram a
platéia ao defenderem suas idéias de que é preciso abraçar a
causa de uma alimentação boa, limpa e justa para gtransformar o
mundo.
Esta é a primeira vez
que Alice Waters, vice-presidente mundial do movimento vem ao Brasil
e falou para uma platéia lotada sobre sua jornada para abrir
corações e mentes nos Estados Unidos e no mundo para que uma
revolução aconteça na forma de ver o alimento e o ato de se
alimentar e sua conexão com as escolhas para uma vida mais saudável
e um planeta mais limpo para as próximas gerações. Defendeu o
investimento na educação das crianças desde cedo para que o mundo
tenha uma segunda natureza.
Ela disse sempre ter
tido muita curiosidade em relação ao Brasil e que além de estudar
a cultura brasileira, conhece muitos cineastas e chefs daqui e que
foi estusiasticamente convidada pelo fotoógrafo Sebastião Salgado
para que viesse ao país expor suas idéias. Ela disse apoiar a idéia
de trazer o território para a mesa, defendida por Alex Atalla e que
essa é uma conexão que já havia percebido ao visitar o Uruguai e a
Argentina.
Alice enfatizou que a
questão do fast food não está restrita aos Estados unidos, mas se
espalha pelo mundo disseminando a idéia dominante de como as
pessoas devem se alimentar. Segundo ela, máquinas de Coca-cola são
encontradas nos aeroportos e outros locais públicos mundo afora. O
fast food, segundo Waters, passa a ideia da coesão de tudo, de que
todos devem ser iguais. E essa cultura se infiltra maciçamente no
mundo. E essa, segundo ela, é uma batalha que será perdida se não
houver uma mudança de atitude, de paradigma em relação ao
alimento, ao modo de se alimentar e de tratar a questão da produção
dos alimentos. É uma mudança em relação à vida.
Para Waters, atualmente
é dado como natural que tenhamos aquilo que queremos à hora que
queremos, as regras são ditadas pelo consumo e pelo mercado. Tudo
está reduzido a "tempo é dinheiro". Da mesma forma, é
possível encontrar o mesmo alimento nos mercados durante o ano todo,
quando se sabe que na natureza existe a sazonalidade. Devemos ter
tudo no momento que queremos? E o tempo de plantar, esperar crescer
e colher? pergunta Waters. Ela defendeu o pagamento justo pelos
produtos. "O alimento pode ter um preço adequado, mas não
barato. Se compraram barato, alguém, em algum lugar foi
prejudicado."
“A cultura do fast
food está operando estragos nas culturas locais e precisa ser
combatida. E existe uma alternativa, que é o Slow Food, que é
cultura muito mais profunda, cheia de plenitude. A cultura de slow
food tem valores humanos que estão consosco desde o começo dos
tempos como a a correçao, a integridade, a comunidade, a amizade, a
honestidade. E tem também os outros valores, que é o respeito ao
crescimento crescimento tradicional, atividades engajadas, atividades
que alimentam, oferecem nutrição, aumentam a alegria. São os
valores do slow que fazem que nossa vida sejam mais
sifignificativas”, concluiu.
Alice Waters disse
ainda que cada um dos que ali estavam tem capacidade de se conecctar
aos valores do Slow Food, sem intermediários: se a cultura que você
cria ao seu redor muda, sua exsitência melhora, sem esforço
nenhum.”.
“Se você quiser
que uma árvore cresça, é preciso influenciá-la antes que cresça”
O grande desafio,
segundo Alice Waters, é investir na educação das crianças e expor
essas crianças às idéias do Slow Food para que tenhamos no futuro
uma segunda natureza. “Se quisermos mudar, a melhor coisa que
podemos fazer é educar e empoderar a próxima geração”. A
escola, segundo ela, é o local onde se pode encontrar crianças com
diferentes valores, que ainda estão sendo formados e se essas
crianças forem expostas a um currículo de Slow Food, elas o levarão
para o resto de suas vidas. “Se você quiser que uma árvore
cresça, é preciso influenciá-la antes que cresça”.
As escolas são o motor
da economia e se na merenda e nas cantinas escolares estiverem
servindo alimentação saudável, se estará colaborando com os
agricultores. Waters citou a iniciativa do governo brasileiro de
impor que 1/3 da merenda escolar deve vir de produção local e disse
que a adoção desse tipo de ação é muito importante.
O principal desafio que
permeia a vida, segundo Waters, é responder à pergunta: como viver
nossas vidas, sem adotar os valores do fast food,porque nessa questão
não há meio termo e o processo deve ser sustentável do principio
ao fim. Ela concluiu dizendo que a saída é sair desse ambiente,
dessa cultura fast food e recuperar os sentidos. o projeto de hortas
nas escolas, por exemplo, é uma revolução deliciosa.
“É preciso ter
espirito revolucionário para que tudo isso aconteça”, concluiu.
Mais de Alice Waters:
“Enquanto nos EUA
as pessoas se alimentavam com comida aquecida no microondas para ser
comida na frente da televisão, na França as pessoas davam atenção
aos prazeres da vida diaria, era cultura de slow food”.
“Criamos patchwork
de fornecedores locais – pequenos produtores, vinicultores, - uma
comunidade que começou a se formar. E começamos uma comunidade sem
intermediários”.
“Não dá para ter
restaurante 3 estrelas, sem pagar salários justos aos seus
funcionários”.
“É preciso ter
espirito revolucionário para que tudo isso aconteça”.
“Se você quiser
que uma árvore cresça, é preciso influenciá-la antes que cresça”
Por: Reiko Miura
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